De acordo com os objetivos traçados pelo Projeto LIFE RIBERIME e seguindo as guidelines do “Plano de Restauração do Lousal”, documento produzido conjuntamente pelos parceiros, encontra-se em pleno desenvolvimento e já próximo da sua conclusão. Os trabalhos práticos do Projeto Piloto do Lousal (PPLousal), são coordenados pelo Centro Ciência Viva do Lousal, em estreita colaboração com a Universidade Complutense de Madrid.
A implementação prática do PPLousal em campo, foi iniciada a 20 de setembro, estando a sua finalização prevista na primeira semana de novembro de 2021. Fruto de uma intervenção multidisciplinar, revestida de cariz experimental e demonstrativo, o PPLousal incide na restauração ecológica de uma área de aproximadamente 1,6 ha, afeta à antiga Mina do Lousal, onde era efetuada a descarga de pirites, para transporte via ferroviária até aos seus locais de destino para processamento e transformação, nas instalações da SAPEC, em Setúbal. O PPLousal tem em vista a mitigação dos impactos ambientais e paisagísticos originados pela mineração metálica (DAM – Drenagem Ácida Mineira) sobre os solos e as águas da região, procurando soluções de melhoria da sua qualidade, e, para a salvaguarda dos habitats naturais e da biodiversidade regionais.

Trabalhos prévios à intervenção (remoção da vegetação existente). Foto: @BrunoGonçalves

Colocação de estacas, para levantamento topográfico e marcação do terreno. Foto: @BrunoGonçalves

Recorrendo às Melhores Técnicas Disponíveis (MDT) para restauração mineira, na Europa e no mundo, o PPLousal, baseia-se na criação de uma pequena bacia hidrográfica, onde o terreno é remodelado e reconfigurado segundo métodos geomorfológicos inovadores (GeoFluvTM) que pretendem recriar um relevo próximo do natural com vista a diminuir a erosão. É ainda o primeiro Projeto Europeu, onde estes métodos, se combinam com a correção e estabilização química do solo e das águas afetados por DAM, através de processos químicos.

Início dos trabalhos de mobilização de terras. Foto: @BrunoGonçalves

Reconfiguração do terreno, utilizando bulldozer. Foto: @BrunoGonçalves

Os trabalhos, consistiram, em uma primeira fase, na remodelação e reconfiguração topográfica do terreno, em relevos suaves, que “mimetizam” as ondulações do relevo, caraterísticas de algumas áreas de montado circundantes ao Lousal. Seguiu-se a aplicação de camadas de materiais calcários (Brita 1), misturados com argila, com o objetivo de fomentar reações químicas com as águas pluviais, que elevem o pH, atualmente muito ácido, para valores mais próximos da neutralidade, corrigindo assim a acidez das águas e do solo.

Observação do terreno, para especificações técnicas ao maquinista manobrador. Foto: @BrunoGonçalves

Aspeto do terreno durante a modelação geomorfológica. Foto: @BrunoGonçalves

De seguida, recobriu-se o terreno com uma capa de matéria orgânica, constituída por adubo natural de origem animal (estrume de aves e de cavalo) misturado com um composto à base de terra vegetal, que pretende recriar a camada superficial do solo, que servirá também de substrato para o estabelecimento do coberto vegetal.

Descarga de composto orgânico, do tipo terra vegetal.

Os trabalhos de mobilização de terras e materiais, foram realizados recorrendo a bulldozer e D6.

Para a revegetação, foram selecionadas algumas dezenas de espécies herbáceas e arbustivas, autóctones da região, cujas sementes foram colhidas e armazenadas com o intuito de poderem colonizar esta área. A sementeira está para breve, aguardando-se o início das chuvas outonais, para que exista humidade do solo suficiente para garantir a viabilidade da germinação destas sementes. Espera-se com esta fase da intervenção, implementar um coberto vegetal com espécies primocolonizadoras, adaptadas às condições do “solo” recentemente recriado, que posteriormente evolua e se desenvolva de acordo com as sucessões naturais típicas da vegetação regional.

Parte da equipa de campo (CCVLousal, UCM e empresas contratadas). Foto: @BrunoGonçalves

Alguns dos operacionais do PPLousal (empresas contratadas, UCM e CCVLousal). Foto: @BrunoGonçalves

Enchimento das valas de drenagem pré-existentes, com brita calcária. Posteriormente foram cobertas com geotextil para impedir a contaminação com as terras mobilizadas.

Cobertura das valas de drenagem, cheias com brita calcária, com geotextil.

Muito próximas da sua finalização, as obras para a implementação prática do PPLousal, têm-se revelado um interessante desafio, logístico e operacional. Pese embora o caráter experimental e inovador das técnicas e métodos utilizados, etapa após etapa, os constrangimentos têm sido ultrapasados dentro dos tempos de execução previstos, e os seus objetivos concluídos com sucesso!

Foto aérea da área de intervenção, na altura da definição de zonas de vale e canais principais. Foto: @BrunoGonçalves

Finalização da reconfiguração geomorfológica do terreno. Membros da equipa operacional (CCVLousal, UCM e empresa contratada para a mobilização de terras).

Foto aérea da área de intervenção, durante o espalhamento da brita calcária e argila. Foto: @BrunoGonçalves

Outro ângulo de foto aérea da área de intervenção, durante o espalhamento da brita calcária e argila. Foto: @BrunoGonçalves

Espalhamento da camada superficial do solo (composto de terra vegetal, estrume de aves e cavalo).

Aspeto do terreno, após espalhamento parcial da camada superficial, rica em matéria orgânica.