A restauração geomorfológica baseia-se no desenho e construção de formas de relevo que replicam a morfologia e dinâmica de geoformas naturais estáveis, onde o relevo original foi transformado – e os ecossistemas foram severamente degradados. O principal objetivo deste tipo de abordagem de restauração mineira é criar relevos estáveis, funcionais e integrados no ambiente que minimizem os impactos produzidos pelas antigas operações de mineração. Estes relevos também devem ser auto-sustentáveis ​​e isentos de manutenção, ou seja, deverão comportar-se como as paisagens naturais nas quais são inspirados.

No LIFE RIBERMINE, são aplicados os seguintes métodos de Restauração Geomorfológica:

(http://www.2g.fr/)

Desenvolvido pelo geólogo francês Paul Royal, este método envolve a replicação de formas naturais de escarpas verticais em encostas de estradas ou cenários semelhantes. A sua aplicação no LIFE RIBERMINE, em mais de 4,5ha de antigas frentes de exploração, possui um caráter demonstrativo em mineração, numa escala nunca tentada, sendo também, a primeira vez que será aplicada neste contexto na Península Ibérica. Para a sua aplicação, é necessário analisar previamente a evolução geomorfológica sofrida pelo mesmo tipo de rochas nas encostas ou taludes circundantes (encostas de referência) e ‘imprimir’ essa evolução às encostas a intervir. Os Talud Royal são construídas a partir de jateamentos direcionados e adaptados à estrutura dos diferentes tipos de rochas.O processo é concluído através da remoção individual de blocos instáveis. O Talud Royal garante estabilidade, eliminando riscos, e, o conjunto final de escarpas e seus detritos pode ser considerado uma superfície de habitat “natural”, pois não possui elementos artificiais. Dada a estabilidade criada, não requer manutenção.
A sua aplicação será acompanhada pelo próprio inventor do método, Paul Royal (França).

Exemplos de taludes restaurados com o método Talud Royal® (http://www.2g.fr/)

(https://www.geofluv.com/)

O método GeoFluvTM baseia-se em geomorfologia fluvial e de encostas, e, é utiliza o software Natural RegradeTM (da empresa Carlson, http://www.carlsonsw.com/)
No LIFE RIBERMINE, este método será aplicado nas áreas das antigas explorações mineiras com menor declive, localizadas nas cabeceiras das bacias hidrográficas do Alto Tejo e Lousal. Com esse método, os canais de primeira e segunda ordem que foram totalmente destruídos pelas atividades de mineração, serão reconstruídos e estabilizados. As paisagens serão construídas com colinas, vales e canais sinuosos ou em zigue-zague, copiando as características das paisagens circundantes. Essas formas controlam o escoamento e a erosão, aumentando a infiltração e a disponibilidade de água para o crescimento da vegetação. A estabilização “dinâmica” das cabeceiras das bacias trará benefícios geomorfológicos e ecológicos aos cursos de água a jusante das áreas restauradas.
No Lousal, o método será aplicado em combinação com técnicas de estabilização química, para minimizar a DAM.
A sua aplicação será acompanhada pelo inventor do método GeoFluv, Nicholas Bugosh.

Exemplo de um projeto feito com o método GeoFluvTM-Natural RegradeT^M Method, situação pré ou pós-restauração

Em adição, o LIFE RIBERMINE aplica o melhor modelo de evolução da paisagem (Landscape Evolution Model – LEM) SIBERIA e o poderoso software de modelação hidráulica bidimensional, Iber. (https://www.iberaula.es/)para prever a evolução e estabilidade, a curto e longo prazo, das áreas restauradas com GeoFluvTM. Finalmente, a estabilidade geotécnica das áreas restauradas é analisada recorrendo ao software Interactive Landslides Analysis.

A aplicação do modelo SIBERIA será acompanhada por um dos maiores especialistas do mundo, Gregory Hancock (Austrália).
Ernest Bladé (Espanha), um dos criadores do software Iber, também supervisiona a aplicação deste modelo hidráulico no LIFE RIBERMINE.

Resumo dos métodos de restauração geomorfológica e ferramentas de avaliação utilizadas no LIFE RIBERMINE.

Os relevos projetados de acordo com o método GeoFluvTM são construídos com os inertes da mineração existentes nas áreas de intervenção, rentabilizando assim o material disponível e havendo necessidade de fornecimento de materiais a partir do exterior.
Sobre estes materiais, e replicando a estrutura encontrada nas encostas de áreas não degradadas, existe um substrato de origem coluvial, que constitui o substrato ideal sobre o qual o solo se desenvolverá.
A ocorrência de DAM no Lousal requer uma adaptação específica. Assim, a restauração realizada com o método GeoFluvTM é combinada com a estabilização química. O objetivo é duplo: alcançar a neutralização do pH, e, a estabilização física do terreno, facilitando o subsequente estabelecimento da vegetação.

Para isso, será usada uma série de camadas, segundo a ordem e os objetivos funcionais indicados:

1ª camada com uma mistura de argilas com baixo teor (<10%) de argilas expansivas, e, gravilha calcária de fragmentação. Desempenha as funções de retenção da água e nutrientes, e, de adsorção de metais.

2ª camada também de argilas calcárias e cascalhos, com maior proporção de calcário. As suas funções são facilitar a disponibilidade de nutrientes, a neutralização da água de infiltração e promover a circulação dos fluxos subterrâneos ao aumentar a condutividade hidráulica em relação à do horizonte de argila subjacente.

3º Horizonte superficial composto por uma mistura de terra vegetal com formações finas superficiais de carater silicioso, recolhidas no Lousal, e adubo orgânico, obtido em explorações de gado próximas do Lousal (transferência da primeira fase do processo desenvolvido no Alto Tejo).

4º Sobre o horizonte superficial, será espalhada uma mistura de sementes de plantas herbáceas nativas da região.

Esquema da preparação de substratos e solos para obter a estabilização química no Lousal.