O projeto LIFE RIBERMINE organizou uma ação de formação teórico-prática sobre o controlo de plantas invasoras, designadamente acácias, no passado dia 26 de maio, no âmbito das ações preparatórias do Plano de Restauração do Lousal. A atividade intitulada “Controlo de Plantas Invasoras – Acacia sp. e chorão”, desenvolveu-se entre as 9h e as 13 horas no Centro Ciência Viva do Lousal (1.30h – parte teórica em auditório e 2.30h de trabalho prático em campo) e foi dinamizada pelo projeto LIFE Biodiscoveries, networker do LIFE RIBERMINE.
O público-alvo foram todos os interessados em adquirir mais conhecimentos sobre o assunto, incluido técnicos do CCVLousal diretamente ligados ao Projeto e à sua disseminação, assim como elementos do público. Para além de 5 membros do pessoal do CCVLousal, participaram dois técnicos de Câmaras Municipais da região (Educação Ambiental e Espaços Verdes da Câmara Municipal de Sines), um técnico de um organismo estatal ligado à defesa da natureza e ambiente (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas), duas Docentes de escolas da região (Agrupamento de Escolas de Sines), uma empresária do setor do turismo (AlentejoTurismo) e um particular (proprietário de terrenos invadidos por acácias).
Na proximidade da área de intervenção existe um núcleo considerável e em expansão da exótica e invasora Acacia dealbata Link. (mimosa), estimado em cerca de 70 indivíduos adultos e várias dezenas de juvenis. Para além deste, existem outros núcleos, dispersos pela aldeia mineira do Lousal. Como atividade preparatória e complementar aos trabalhos na área de intervenção do projeto no Lousal, e, de modo a controlar a expansão desta espécie dada a sua proximidade espacial (salvaguardando assim os objetivos da revegetação e do próprio PRLousal), serão realizadas outras ações similares, com vista à sua erradicação futura. Foram aplicados os métodos físicos disponíveis considerados mais eficazes na atualidade para esta espécie: o descasque de exemplares adultos e o arranque manual de juvenis. Nesta ação, em menos de 3h, foram descascadas aproximadamente 3 dezenas de árvores crescidas e arrancados vários exemplares juvenis.
Esta constituiu ainda, mais uma oportunidade para dar a conhecer o Projeto LIFE RIBERMINE e a sua realidade in situ, permitindo um envolvimento real do público. Revelou-se extremamente útil para a sensibilização e disseminação de conhecimento sobre temáticas ambientais, os impactos da mineração e sua mitigação, relacionando-os com a problemática das invasões biológicas.
Continuar-se-á a proceder ao descasque de acácias em ações pontuais, podendo as mesmas repetidas sempre que se considere necessário e, desejavelmente, envolvendo o público e o voluntariado ambiental.
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Participante a executar o descasque de uma árvore.
Informação complementar:
As acácias apresentam elevada amplitude ecológica, colonizando muito eficazmente áreas perturbadas e sujeitas a incêndios, originando povoamentos monoespecíficos que substituem os habitats nativos, proliferando nas orlas de povoamentos florestais, pinhais e matagais, dunas, margens de cursos de água, vertentes com elevada exposição, bermas e taludes. Em Portugal, todas as espécies do género Acacia sp. são consideradas invasoras, desde 1999 (DL 565/99) e o seu controlo e erradicação estão previstos pelo Decreto-Lei nº 92/2019 (Continente e Madeira). Em concreto, a Acacia dealbata Link., é uma planta originária da Austrália e Tasmânia, que em Portugal apresenta um nível de risco de 31 (de acordo com Pheloung et al. 1999 e Morais et al., 2017), um valor elevado, visto que se considera invasora uma espécie com valores acima de 13.
Para saber mais sobre controlo de plantas invasoras:
Projeto Life Biodiscoveries – http://www.lifebiodiscoveries.pt/
Invasoras.pt – https://invasoras.pt/
Bibliografia citada
Pheloung, P.C., Williams, P.A. & Halloy, S.R. (1999) ¬– “A weed risk assessment model for use as a biosecurity tool evaluating plant introductions”. Journal of Environmental Management. 57: 239-251.
Morais, M.C., Marchante, E. & Marchante, H. (2017) – “Big troubles are already here: risk assessment protocol shows high risk of many alien plants present in Portugal”. Journal for Nature Conservation 35: 1–12.
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Contextualização teórica do controlo de plantas invasoras, por Nuno Cabrita (Life Biodiscoveries) no auditório CCVLousal.
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Alguns dos participantes na ação de formação de controlo de invasoras.
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Aspeto da futura área de intervenção no Lousal.
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Demonstração do descasque de Acacia dealbata Link.. Este é um dos métodos físicos comprovados como mais eficazes para a destruição desta especie.
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Descasque em zonas de talude inclinado, onde se torna mais difícil trabalhar.
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Resultado final. Após o descasque, os indivíduos demoram em média de 3 a 6 meses a secar, podendo em alguns casos, chegar aos 3 anos. É necessária uma monitorização do processo e persistência nas tarefas de controlo. Após a morte da árvore, o material vegetal poderá ser removido do solo (foto cedida por Flora Ferreira, participante na ação).